Gravidez e parto em Toronto – parte 2

Tive minha filha aqui em Toronto, há 2 anos atrás, e achei interessante as diferenças daqui para o Brasil. Aqui você pode escolher entre ter o acompanhamento pre-natal com um OB-GYN (obstetra), um médico de família (alguns fazem esse acompanhamento. O meu não fazia) ou uma midwife. As midwives aqui são muito concorridas, então, na maioria das vezes, se você quiser esse tipo de acompanhamento, assim que descobre a gravidez, deve entrar em contato e colocar o nome na lista de espera. No caso de escolher um obstetra, seu médico de família tem que fazer o encaminhamento, mas se você quiser uma midwife, você mesma tem que procurar uma perto da sua residência. Meu pre-natal foi com uma midwife, e aqui conto um pouco da minha experiência.
Normalmente não se fazem muitos exames. Eles pedem uma ultra-sonografia quando se descobre a gravidez, que eles chamam de dating scan, pra saber a idade do feto (comparando com a data da última menstruação). Depois você pode fazer outra, com 20 semanas mais ou menos, a anatomy scan, que é mais detalhada, e você consegue também descobrir o sexo do bebê. Você pode fazer outros exames nessa mesma época para saber sobre anomalias, mas não quis fazer nenhum, só a ultra. E eles aqui respeitam sua vontade. Te explicam e oferecem, e você faz se se sentir à vontade. Também achei interessante que alguns lugares não revelam o sexo do bebê.
Outro exame que fiz foi um exame de diabete gestacional (aquele que você toma um líquido super doce). Em todas as consultas, a midwife me pesava, tirava a pressão, ouvia os batimentos cardíacos do bebê e media a minha barriga. E a gente conversava muuuuito. Muito diferente do acompanhamento com médico, que é muito corrido.
Aqui as consultas são mensais no início da gravidez, depois de 30 semanas, é uma consulta a cada 2-3 semanas e a partir de 36 semanas, toda semana ou a cada 2 semanas.
As midwifes aqui acompanham o parto em hospitais (cada grupo de midwife atende em um hospital específico, e o atendimento por elas depende do local onde você mora), casas de parto ou fazem parto domiciliar. Elas podem fazer pedidos de exames e podem prescrever remédios, se forem referentes a gravidez. Se for preciso, elas encaminham para um médico especialista.
Minha filha acabou nascendo de cesária, e no meu caso, participei de um programa pioneiro de c-section skin-to-skin (mais ou menos humanizado), e minha filha veio logo pro meu peito, assim que nasceu, antes mesmo de fazerem qualquer tipo de exame. Por causa disso, ela já mamou com 10 minutos de vida 🙂 Depois, apesar de ter um pediatra no centro cirúrgico, a midiwife foi a responsável por examinar a minha bebê, ali mesmo no centro cirúrgico. Minha filha não saiu de perto de mim nem por um segundo. Aqui não tem aquelas salinhas que tem no Brasil, onde os recém- nascidos ficam, se não tiver nenhum problema de saúde, eles ficam com a mãe o tempo todo.
Enquanto você está no hospital, eles fazem um teste auditivo e também o teste do pezinho.
Ficamos no hospital 3 dias. No primeiro dia fiquei num quarto semi-private, pois não tinha private disponível, mas não tinha mais ninguém dividindo com a gente. Um pouco antes de mudar para o private, entrou uma outra família, e fiquei muito feliz de não ter que dividir o quarto, pois o outro bebê chorava muito e a outra família conversava como se não tivesse mais ninguém ali.
No dia seguinte ao parto, fui a uma “apresentação” sobre amamentação, onde uma especialista dava dicas sobre pegada, e tirava algumas dúvidas. Ali mesmo no hospital eles têm uma clínica (Breastfeeding clinic), e fui umas duas vezes enquanto estive no hospital, pois tive dificuldade no início, e queria muito amamentar exclusivamente.
No dia seguinte também foi quando minha filha tomou seu primeiro banho. A enfermeira perguntou se podia dar o banho nela e eu autorizei. Tudo aqui tem que ser autorizado pela mãe. Quando estavam me preparando para a cesária, me perguntaram se eu queria que aplicassem o colírio (nitrato de prata), e eu poderia autorizar ou não.
O hospital oferece um package com alguns itens essenciais, que você pode escolher pagar por ele ou trazer na sua própria mala, com fraldas para recém nascido, baby wipes… Ele custou $30.00 se eu não me engano.
O hospital também forneceu fórmula para minha bebê, pois eu não tinha muito leite. Assim como a bomba para tirar leite, seringas e uns caninhos fininhos que eu usava amarrado no dedinho, para dar fórmula, mas não se acostumar a mamar na mamadeira.
Quando recebemos alta, eles nos deram uns folhetos com contatos para caso de emergência, clínica de amamentação e documentos sobre como fazer a certidão de nascimento, além do número do OHIP da bebê. E antes de você sair do hospital, eles verificam o bebê conforto para ver se o bebê está seguro.
Uma coisa que eu achei legal, foi que a midwife vai na sua casa para as 3 primeiras consultas do bebê, coisa que obviamente o médico não faz.
A experiência aqui foi bem diferente do que eu conhecia no Brasil, mas sinceramente, gostei muito.
(A parte 1 você pode ler aqui)
Paulinha,
Pelo seu relato, parece ter sido tranquilo. Eu só não entendi muito bem a figura da midiwife. Seria uma enfermeira? Ela tem conhecimento técnico para substituir o médico? E para que serve o colírio?
Parabéns pela iniciativa em compartilhar experiências.
Beijos
Nanda, a midwife aqui é como a Enfermeira obstétrica no Brasil. Aqui ela estuda 4 anos, e ela substitui o médico, mas somente para coisas relacionadas a gravidez. Ela também só acompanha gravidez de baixo risco. Ela pode prescrever remédios, pedir exames, mas se for alguma coisa que não seja relacionada a gravidez, ou se ela achar necessário envolver um médico, ela faz o encaminhamento. O colírio é para o caso da mãe ter gonorréia e o parto ser normal, mas é usado até nas cesarianas, por isso, ultimamente esse colírio tem sido assunto para debate 🙂
Graças a Deus minha gravidez foi muito tranquila!
Obrigada pelo comentário!
Beijos