Minha gravidez em Toronto

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Eu sempre quis ser mãe. Mas também sempre penso muito em todas as possibilidades… acho que por isso esperei tanto para tentar engravidar. Tentamos por um pouco mais de um ano, e cheguei a procurar meu médico de família, que por sua vez, nos encaminhou a um especialista. Fomos só na consulta inicial, mas fiquei tão assustada com o tanto de exames e o quão invasivos seriam, que desisti. Saindo de lá, pensei: “Se Deus quiser, vai acontecer, senão, tudo bem também”, e deixei pra lá. Mais ou menos um mês depois dessa consulta com o especialista, voltei no meu médico de família com dor na coluna. Eu tinha sido diagnosticada com duas hérnias de disco, há uns 7 anos atrás, então meu médico pediu alguns exames. Alguns dias depois… surpresa! Meu médico me ligou, dizendo que eu estava grávida! Nunca vou me esquecer dessa ligação. Eu estava saindo do trabalho, e ainda bem que eu sentava perto da porta, pois eu chorei, ri, tudo ao mesmo tempo 🙂 Por conta disso, descobrimos bem cedo, com umas 6 semanas, apenas.

Apesar de no Brasil a cesária ser mais comum, lendo, pesquisando e conversando com minhas amigas, achei que para mim, seria melhor optar pelo parto normal. Queria tudo o mais natural possível, sem intervenções, anestesia… então, na minha opinião, uma midwife seria ideal para me acompanhar. O acompanhamento com a midwife é bem diferente do médico. As consultas são longas, quase como se você estivesse conversando com uma amiga. Aqui em Ontário você pode escolher entre um OB-GYN (obstetra), médico de família ou uma midwife (você pode ler mais aqui). As midwives aqui são muito concorridas, então assim que fiquei sabendo da gravidez, liguei para algumas e deixei meu nome nas listas de espera. Esperei tanto que meu médico acabou me encaminhando para um OB-GYN, sem me avisar. Só fiquei sabendo quando me ligaram para marcar uma consulta, mas graças a Deus eu tinha acabado de conseguir uma vaga com uma midwife (eu já estava com mais de 2 meses).

A midwife que consegui atendia no North York General, mas eu queria muito ter meu bebê no Sunnybrook, e esse hospital era ainda mais concorrido. Quando estava com uns 7 meses, abriu uma vaga com uma midwife que atendia no Sunnybrook. Yey! É tão difícil arrumar uma midwife, arrumei duas! 😀  E para o hospital que eu queria!

Eu fiz 3 ultra-sonografias ao todo. Uma quando descobri a gravidez, a segunda com 20 semanas, a anatomy scan, que é mais detalhada, e você consegue descobrir o sexo do bebê e a última com 38 semanas. Não quis fazer nenhum outro exame para saber sobre anomalias, não queria saber, nem me preocupar, só curtir minha gravidez. E eles aqui respeitam sua vontade. Te oferecem e explicam os exames, e você faz se se sentir à vontade.

No finzinho da gravidez, minha bebê virou e eu fiquei super feliz: “Vou conseguir meu tão sonhado parto natural”. Mas minha pequena tinha outros planos. Na semana seguinte ela virou de novo e ficou sentadinha esperando. Tentei todos os exercícios imagináveis, passei mal de tanto ficar de cabeça pra baixo… mas ela já estava muito grande, e a gente sabia que ela não tinha mais espaço para virar. A midwife ofereceu a VCE (Versão Cefálica Externa), mas como existia o risco de acabar em uma cesária de emergência, preferi não arriscar. Ela também me explicou que eles não tinham ninguém com conhecimento em parto pélvico (mesmo se tivesse, eu não teria coragem de tentar), então ela acabou marcando uma cesária com um obstetra que, na época, era o líder de um programa de cesária skin-to-skin, uma cesária “humanizada”.

Fui em uma única consulta com o obstetra, levei o plano de parto, e ele me garantiu que tudo que estava no meu plano era parte do programa skin-to-skin. A consulta foi rápida, mas o médico foi muito atencioso e respondeu todas as minhas dúvidas.

No dia da cesária, eu estava super nervosa, nunca tinha feito nenhuma cirurgia na vida, mas graças a Deus a minha enfermeira era um doce! Ela até chamou um anestesista brasileiro para conversar comigo e me acalmar. Uma pediatra também veio conversar comigo, porque no meu plano, eu não queria que eles usassem o colírio na bebê, por ser cesariana.

Assim que minha pequena nasceu, a midwife a colocou no meu peito. Roxinha, sem chorar… eu já estava apavorada, quando ela começou a chorar. Um pouquinho depois, ela começou a mamar! O anestesista que estava me atendendo ficou horrorizado, dizendo que nunca na vida dele ele tinha visto um bebê mamar no centro cirúrgico, que isso era não era higiênico… kkkkk…

Enquanto o médico terminava a cirurgia, a midwife e o pediatra examinaram a bebê ali mesmo, e ela ficou comigo o tempo todo.

Ficamos no hospital 3 dias, e no dia seguinte, a midwife foi à nossa casa fazer a primeira consulta da bebê. Mas isso é história para um outro post. Acho que esse aqui já dava para um livro.

2 Resultados

  1. fevereiro 12, 2018

    […] (A parte 1 você pode ler aqui) […]

  2. dezembro 25, 2018

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