2 anos de Brasileira em Toronto

Esse mês faz 2 anos que comecei esse blog. Acho que ninguém sabe o porque de eu ter começado a escrever aqui.

A verdade é que há dois anos atrás, nessa época, eu achei que ía enlouquecer. Eu tive um aborto espontâneo, e não soube lidar com isso. Acho que por ter sido nessa época de fim de ano, foi ainda pior. Ou não. Não sei.

Eu lembro que nos primeiros dias eu só queria ficar deitada, chorando. Mas a minha mais velha precisava de mim. Ela tinha 2 aninhos na época, e eu não queria que ela percebesse que alguma coisa estava errada. Então eu levantava e fazia o que eu tinha que fazer.

Tirei alguns dias do trabalho, mas somente quando não estava me sentindo bem fisicamente. Quando eu não estava mal, preferi trabalhar, pra ter outra coisa pra pensar e não ter que lembrar da minha perda. Eu ainda tinha férias pra tirar, e lembro que tirei dois dias: um usei para conhecer o Toronto Christmas Market, e o outro, o Ripley’s Aquarium.

E aí entrou o blog. Eu precisava de alguma coisa pra ocupar minha cabeça. Não porque eu tenho tempo sobrando. Eu trabalho 40 horas por semana, tenho minha filha, marido, casa pra cuidar, meus pais (que eu gostaria de ajudar mais, mas realmente não consigo por causa do tempo). Mas a cabeça não pára. Então, quando eu perco o sono (o que é mais frequente do que eu gostaria), eu venho pesquisar e escrever. E eu descobri que depois de todos esses anos morando em Toronto, eu nunca conheci a cidade. A minha vida era casa, trabalho, trabalho, casa, e às vezes academia. E por causa do blog, eu comecei a pesquisar lugares e eventos, e passei a sair de casa pra ir em alguns deles. Com a minha companheira de aventuras já maiorzinha, ficou mais fácil. Ela ama passear, e com ela não tem tempo ruim. De vez em quando consigo arrastar meus pais, às vezes o marido, mas ela é figurinha certa, e topa qualquer parada.

Não sei se aprendi a lidar com essa perda. Também não sei se um dia isso vai acontecer. Acho que na verdade, a gente aprende a seguir em frente, continua a vida, porque ela não pára, mas essa dor não desaparece nunca.

 

 

A foto em destaque foi tirada no dia que recebi a ligação da midwife.

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