Semana Mundial de Aleitamento Materno

A gente tem mania de idealizar umas coisas, e no final, acaba se decepcionando, né? Antes de engravidar, eu tinha certeza que meu parto seria lindo, super humanizado, sem intervenção nenhuma, na banheira… Haha, tolinha. Minha filha virou e uma semana depois, desvirou, e assim ficou, sentadinha, esperando a hora de nascer. Eu me inscrevi para um curso prenatal no hospital onde seria meu parto, e sabia que se ela não virasse (e tinha muita chance de não virar, pois já estava no fim da gravidez e ela não tinha mais espaço pra isso), teria que fazer cesariana. Esse curso dá mais ênfase ao parto normal, mas como já tinha pago, fui assim mesmo. Quando contei minha história pra professora do curso, ela me orientou a ler e pesquisar muito sobre amamentação ao invés de focar no parto, já que as chances de cesária eram grandes.
Eu passei a gravidez inteira pesquisando sobre parto. Achei que amamentação seria molinho. Afinal, o que tem de difícil nisso? Hahaha! Ah, mas quanta inocência… Até comprei um livro, li, mas nem me liguei muito. Seria mamão com açúcar.
Minha filha nasceu e com 10 minutos de vida já estava mamando, no OR. E eu me achando. Naquela noite, a enfermeira deu fórmula pra ela, sem me perguntar. Não gostei muito, mas estava tão cansada que deixei pra lá. No dia seguinte, de manhã, fui a uma aula no hospital mesmo, onde um profissional dá dicas de pegada, do que fazer, enfim.
Olha, mas que dificuldade. Ficamos 3 dias no hospital. Ela não ficava acordada pra mamar. E quando tentava, não conseguia, ou eu não tinha leite, não sei. Então eu dava um pouco de fórmula, e dava o meu leite de colher/copinho, porque senão “ela iria acostumar com a mamadeira e não pegaria mais o peito”. Foram muitas enfermeiras, midwifes, profissionais da Clínica de amamentação no hospital. Cada uma tinha uma opinião, meus seios nunca foram tão espremidos na vida. Todo mundo futucando. E tocando o terror. Eu chorava de dor, de preocupação, de medo, e me lembro muito bem de uma enfermeira me dizer para eu parar de ser mole e decidir se queria ou não amamentar, porque a minha filha estava “percebendo” que eu não queria. Das midwifes dizendo que eu não podia dar fórmula de jeito nenhum, porque ela não iria querer mais o peito. Da profissional da Clínica dizendo que eu tinha que tentar de todas as formas, porque amamentação é a coisa mais importante.
Conclusão: fomos pra casa, eu apavorada, a gente não se entendia. No dia seguinte, meu marido comprou uma bomba pra tirar leite, e ajudou, mas não resolveu. No fim do dia, a midwife foi na nossa casa (era pra ela ter ido de manhã, mas ela tinha uma festa e só foi no fim do dia), e a minha filha tinha perdido muito peso e estava com sinais de desidratação. Ela nos mandou correndo para o hospital, onde foi mais uma tortura, pois queriam tirar sangue da miúda pra exame e não conseguiam. Furaram a bichinha de todo jeito, os bracinhos, as mãos… até que conseguiram, depois de muita tortura.
Ficamos mais 3 dias no hospital, e naquele momento, eu não estava nem aí se ela não iria mamar nunca mais. O importante era ela se alimentar. O hospital forneceu uma bomba pra tirar o leite, então eu amamentava, tirava leite, e dava leite/fórmula com uma seringa e um tubinho amarrado no dedo, o chamado “finger feeding”.
Fomos pra casa e continuamos assim. Fazíamos cama compartilhada, ela mamava em livre demanda, e eu tinha alarmes no celular pra tirar o leite (durante o dia e à noite). Também comi muita canjica, que eu não sei se ajudou, só sei que o leite começou a vir, e conseguimos ir diminuindo a formula, até que com uns 2 meses, conseguimos nos entender e ficamos 100% com amamentação. Hoje, com 2 aninhos, ela ainda mama pra dormir.
Como ela nasceu em novembro, ficamos bastante tempo em casa, mas quando saíamos, se ela estivesse com fome, ela mamava. Não me importava com os outros, não ía pro banheiro, nem usava paninho pra cobrir. Ninguém nunca falou nada, e nunca percebi se alguém alguma vez ficou incomodado. A verdade é que eu não tirava os olhos da minha pequena.
Essa semana é a Semana Mundial de Aleitamento Materno (1 – 7 de agosto), e eu quis escrever sobre a nossa experiência. A maternidade não é fácil, ainda mais com pessoas dando pitaco, julgando… pessoas que não sabem da nossa vida, não sabem o que estamos pensando, passando, vivendo… Eu acredito que a grande maioria tenta ajudar, mas como eu disse, ser mãe não é fácil. A gente já se cobra, já se questiona o tempo todo. Não precisamos de ninguém mais apontando dedo ou dando opinião que não pedimos. E amamentar não é fácil como eu imaginava que seria. As pessoas são diferentes, as situações diferentes. Algumas mães querem amamentar, outras não querem, ou não podem. O importante é o bebê estar alimentado, e mamãe e bebê estarem bem. Faça o que o seu coração mandar e o que funciona para vocês. Sempre.